Acordei como de costume, estava com muito sono, peguei minhas roupas e fui para o banho.
Uma manhã fria de junho, a água não estava convidativa e rapidinho fiz o que tinha que ser feito.
Agasalhei-me e fui para a cozinha. Todos ainda dormiam. Que vontade de voltar para a cama ...
Fiz um café, peguei o leite e eu um pãozinho amanhecido no armário. E ali, naquela cozinha pequena e aconchegante me alimentei . Fiz uma das melhores coisas do dia, o café da manhã. Esse eu nunca vou abrir mão.
Olhei no relógio da parede, e estava na hora de ir. Todos continuavam dormindo.... Que sono... Que vontade de voltar para a cama...
Peguei as chaves e abri a porta. Quem estava lá, como todos os dias. Querendo pular, querendo correr, querendo atenção.
Na correria do dia-a-dia quase não dava tempo de parar para curtir minhas lindas cachorras. E sai porta a fora rezando para que elas não pulassem. Afinal com um quintal de terra seria um problema e eu iria acabar me atrasando. Consegui sair driblando para lá e para cá. Até que cheguei ao portão.
Ouvi o barulho do motor do ônibus. Morava próximo ao ponto final; acelerei os passos e como de costume pego meu ônibus vazio. Aliás, mais vazio que o costume. O motorista também não era conhecido, achei estranho, provavelmente era a sua folga. Entro, me acomodo e passo a apreciar a viagem. Será uma hora até chegar ao meu destino.
A viagem começa. O ônibus anda um pouco e mais a frente o primeiro ponto, novos passageiros entrando cada um com sua historia e seu destino. Entra uma mulher com crianças de colo, depois um homem com sua marmita, uma mulher gravida, uma senhora de meia idade, uns adolescentes falando alto, um velho sorridente, um homem muito sério e outra e outra e outra pessoa.
Pessoas começam a descer e outras continuam a subir, num vai e vem do cotidiano das cidades.
Passaram-se 45 min. Faltava pouco tempo para eu chegar ao meu destino.
Como professora substituta. Tinha um horário um tanto quanto estranho, nada convidativo. Mas começo de carreira é assim mesmo, pelo menos foi o que me disse uma amiga. Teria as três primeiras aulas da manhã e as duas últimas da tarde. Como a escola ficava longe de casa entraria às 7h e sairia às 18h20.
Aproximava-me do terminal rodoviário, e sentia que alguma coisa estava estranha, não conseguia identificar o que era?
De repente olhei no meu relógio de pulso. Não acreditei no que eu vi. Quase tive um treco. Eram 4h e 35min. Impossível? Como? Como eu fiz aquilo? Sai de casa duas horas antes do que o normal e não percebi? Como fui capaz disso?
Muitas coisas vieram a minha cabeça, fiquei tonta, perdida, mais perdida do que eu já estava. Onde vou ficar por duas horas antes da escola abrir? Na rua? Não tem nada aberto. Volto para casa? Fico dentro do ônibus dando voltas na cidade?
Desci ali mesmo.
Peguei o ônibus de volta para casa e descobri porque estava com tanto sono....
Silvana Vila Nova Barboza 07/07/2020
Silvana Barboza
Mestre em Políticas Públicas; Especialista em Gestão; Pedagoga; Professora de História e estagiária de Neuropsicopedagogia e Criadora de Conteúdo no You Tube do Canal: ALOCSE
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