Substituído de última hora do revezamento 4x100m no Mundial de Budapeste, Paulo André protestou nas redes sociais contra a decisão do técnico antes da final. Contatado pela equipe do ge que acompanha o Mundial na Hungria, o treinador Victor Fernandes explicou a ausência do velocista que obtém o terceiro melhor tempo do país nos 100m em 2023. O Brasil ficou em sétimo lugar na decisão, mas acabou desclassificado por conta de uma irregularidade na última passagem de bastão.
- No camping internacional (em Portugal) treinamos formações diferentes do time e a de hoje foi uma delas. Nos treinamentos simulados tivemos um bom aproveitamento para estas variações. Conforme dados coletados do 'heat' semifinal, verifiquei uma possibilidade de melhora com uma formação diferente - justificou Victor.
Paulo André participou da semifinal do revezamento, quando o Brasil se classificou para a grande decisão com o oitavo melhor tempo. Na ocasião, PA abriu o revezamento.
- No início dos trabalhos com o time, eu sugeri uma formação com o Paulo André abrindo o revezamento, pois tinha uma das melhores saídas entre os nossos atletas. E a estratégia seria fazer um início forte colocando-o para abrir, porém ele ainda estava se readaptando as corridas em curva. Quando classificamos por tempo e saímos na raia 2, por ser uma raia mais fechada e com maior dificuldade de desenvolver a velocidade, optei por uma outra formação que treinamos no camping - disse Victor.
Na redes sociais, Paulo André informou sua ausência. Ele foi substituído por Jorge Vides. PA disse estar descontente com escolha técnica, salientando que Victor Fernandes não é seu treinador direto, porém o responsável atual pelo revezamento.
- O técnico optou por uma mudança. Escalou o time de uma forma diferente. Lembrando que o técnico do revezamento não é o meu treinador, Carlos Camilo. É uma coisa que eu queria frisar. Estou saudável, não lesionei, não tive nenhum incômodo. Estou falando antes da prova para que não haja nenhuma mudança na minha fala.
- É óbvio que não estou contente, não estou feliz. Eu queria estar dentro da pista para ajudar meus companheiros, para dar meu máximo, como sempre aconteceu. Sempre que eu entro na pista é para dar meu máximo. Enfim. Essa foi a decisão do treinador, e a gente tem de respeitar - disse o atleta.
Segundo a Confederação Brasileira de Atletismo, Victor Fernandes foi escolhido como coordenador e técnico direto do 4x100 masculino durante encontro do Conselho de Administração da entidade no último dia 8 de julho, em Cuiabá. A CBAt diz que o assunto já vinha sendo tratado internamente, há pelo menos dois meses antes da deliberação final.
- Viemos para Budapeste com um primeiro objetivo que era estar na final da prova. Atingimos o objetivo, porém não satisfeitos com a marca que corremos. Fomos para a final com outra formação e utilizando passagens mais arriscadas e na última passagem a transmissão do bastão ocorreu fora do setor.
- Iniciamos um processo novo com o time, com atletas jovens e experientes e com boas perspectivas futuras. Não saímos com o resultado que gostaríamos do Mundial e continuamos trabalhando em busca de melhores marcas com o revezamento e com o foco agora nos Jogos Pan-Americanos que será nosso próximo desafio - explicou Victor.
Paulo André fez parte do quarteto vencedor do único ouro do Brasil na prova em Mundiais. Em 2019, ele e outros dois corredores que participaram da final neste sábado, Rodrigo do Nascimento e Jorge Vides, venceram o 4x100m no Mundial de Yokohama, no Japão.
PA atualmente tem a terceira marca entre os atletas do país nos 100m em 2023, com 10s03. Renan Gallina é o segundo com 10s01. Único brasileiro na história a correr abaixo dos 10s, Erik Cardoso lidera a lista com 09s97. Com exceção do recordista, todos os outros atletas que formaram o revezamento do Brasil na final, têm tempos superiores ao de Paulo. Felipe Bardi é o quarto (10s07), Rodrigo do Nascimento é o quinto (10s12) e Jorge Vides é o sétimo (10s23).
FONTE/CRÉDITOS: Guilherme Pereira e Lorena Dillon — Budapeste, Hungria / ge