Ausência de dupla fundamental para verticalizar saída de bola e ações ofensivas torna o jogo do time de Renato mais arrastado e favorece um adversário que reduziu espaços. Vitinho foi quem mais levou perigo
Um jogo aberto, carente em criatividade e com um placar justo. De maneira objetiva, o empate entre Flamengo e Ceará, na tarde de domingo, no Castelão, pode ser resumido assim. Até porque, não dá para ignorar os seis desfalques do time tido como ideal do lado rubro-negro, que interferiram não somente na qualidade técnica, mas, principalmente, na forma de jogar.
O Flamengo até conseguiu se impor em boa parte do jogo em Fortaleza e criar oportunidades para vencer a partida, mas é um time totalmente diferente na ausência de Arrascaeta e Willian Arão. São duas peças que carecem de substituição no elenco, e inevitavelmente a ausência de um ou de outro vai impactar na construção de jogadas da equipe. Na ausência de ambos, a situação piorou.
Ceará x Flamengo
Posse de bola: 39% x 61%
Finalizações: 11 x 18
Passes trocados: 335 x 584
Precisão nos passes: 76% x 86%
Faltas cometidas: 12 x 13
Não vamos nem falar da questão combativa, vamos nos ater ao papel de Willian Arão na saída de bola, sempre com passes verticais e de poucos toques na bola, o que acelera a chegada da equipe ao campo de ataque. João Gomes e Diego já têm mais a característica de condução e o Flamengo se tornou um time muitas vezes arrastado, que deu tempo para o Ceará se postar defensivamente.
Diante de um adversário que não se privou de atacar, mas apostou em espetadas e tinha como preocupação fundamental não dar espaços, a criatividade de Arrascaeta fez muita falta. Everton Ribeiro esteve longe de viver boa jornada, errou 12 passes na partida e coube a Vitinho a missão de levar o time ao ataque.
Com oito finalizações das 16 do time no jogo, o camisa 11 até cumpriu um bom papel, foi eleito o melhor em campo. A característica, por sua vez, é bem distinta do uruguaio e o impacto para melhorar os companheiros é bem menor. Ou seja, o Flamengo se tornou refém de chutes de média e longa distância ou raros passes que rasgavam a defesa (Diego achou dois bons no ainda no primeiro tempo).
Defensivamente, o time até conseguiu se estruturar bem, mas a medida em que Diego e João Gomes apresentavam cansaço, o Ceará encontrava espaços e coube a Léo Pereira, em mais uma boa atuação, evitar a derrota. O gol de Vina surgiu de uma bola quebrada por Diego Alves onde a dupla de volantes chegou atrasada no combate e os zagueiros saíram mal na cobertura, especialmente Bruno Viana, que relembrou seus piores momentos.
De modo geral, o Flamengo fez uma partida justa e teve chances para sair com a vitória. A análise passa muito mais pela carência de substitutos no mesmo estilo de alguns titulares do que uma crítica ao que foi apresentado. Os desfalques pesam, e empatar com o Ceará no Castelão está longe de ser um resultado fora da curva.
Com 11 vitórias, uma derrota e agora um empate desde a chegada de Renato Gaúcho, o Flamengo tem poucos motivos para se alarmar. O caminho está bem pavimentado para boas coisas no decorrer da temporada. O único "porém" é a reposição menos desequilibrada de peças importantes. E é para isso de Andreas Pereira e Kenedy chegaram.