Pela segunda vez seguida, a Alemanha está fora da Copa do Mundo na fase de grupos. Depois do vexame da Rússia, o vexame no Catar. Num grupo com Espanha, Japão e Costa Rica, os tetracampeões conseguiram terminar em terceiro lugar. Vem aí uma tormenta do tamanho da história da seleção alemã.
A Alemanha até venceu a Costa Rica, seu último rival, por 4 a 2 no estádio Al Bayt. Mas o resultado não foi suficiente. No estádio Khalifa, onde também bateu a Alemanha na estreia, o Japão repetiu a façanha, derrotou a Espanha e venceu o grupo. Resultado: Japão e Espanha classificados. Alemanha e Costa Rica eliminados.
O Japão enfrenta a Croácia, segunda-feira, às 12h. A Espanha, que sai do caminho do Brasil, encara Marrocos, terça, no mesmo horário.
O tamanho da crise será conhecido nos próximos dias e sentido nos próximos anos. Mas já é possível vislumbrar as consequências de tamanha queda: uma potência humilhada por duas eliminações precoces seguidas, toda uma escola de futebol no divã, um técnico certamente demitido, o legado dos campeões mundiais de 2014 posto em dúvida, o eterno questionamento se o engajamento em questões extra-campo atrapalharam.
Manuel Neuer será – como já foi nos últimos dias – injustamente questionado por sua dedicação à campanha contra a homofobia. Antonio Rudiger será lembrado pela corridinha engraçada com risadinha para as câmeras enquanto a Alemanha ainda vencia o Japão na estreia. O time inteiro será detonado por ter feito um protesto ao posar com as mãos tapando as bocas.
A Alemanha repetiu contra a Costa Rica o roteiro do jogo contra o Japão, a derrota por 2 a 1 na estreia que definiu tudo. Um primeiro tempo bastante decente, com domínio dos espaços e da bola, uma quantidade razoável de chances criadas e uma vitória magra por 1 a 0.
A formação mais conservadora que o técnico Hansi Flick usou contra a Espanha foi repetida, sem centroavante – Kai Havertz no banco – e com Leon Goretzka para reforçar o meio do campo. Deu certo por 45 minutos, mas o time não teve ideias quando precisou delas. E, pior, permitiu à Costa Rica se soltar um pouco e arriscar alguns ataques.
Drama em dois estádios
Durante 45 minutos pareceu que seria fácil: nos primeiros minutos de jogo, a Alemanha abriu o placar contra a Costa Rica no estádio Al Bayt e a Espanha fez o mesmo contra o Japão no Ahmad Bin Ali. Durante a primeira metade dos dois jogos os favoritos deram a impressão de que varreriam os azarões do complicado Grupo E da Copa do Mundo e seguiriam suas vidas no mata-mata.
Tudo mudou após o intervalo. Nos primeiros minutos do segundo tempo, o Japão repetiu contra a Alemanha o furacão a que submeteu a Alemanha e virou o jogo. Simultaneamente, a Alemanha permitiu o empate à Costa Rica, com Yeltsin Tejeda. Essa combinação de resultados enviava o Japão às oitavas de final como líder do grupo, com a Espanha em segundo.
Kimmich e Jamal Musiala, Costa Rica x Alemanha — Foto: REUTERS/Annegret Hilse
Durante quase 40 minutos, a Costa Rica esteve a um gol de virar o jogo e eliminar as duas campeãs do mundo na fase de grupos da Copa do Mundo. Chegou a marcar, com Juan Vargas, que venceu um duelo físico com Manuel Neuer: 2 a 1 Costa Rica. Durante três minutos, Alemanha e Espanha estiveram eliminadas por Costa Rica e Japão.
E então Kai Havertz marcou um gol irônico: o gol que não teve nenhuma importância para a classificação alemã, mas foi crucial para reabilitar a Espanha. Ainda faltavam vinte minutos por jogar no estádio Al Bayt. Mas os dois gols seguidos de Kai Havertz e Fullkrug não tiveram nenhuma importância. A Alemanha deixa o Catar mais cedo.