Imagine a cena: nas ruas do Brasil colonial, quituteiras vendem uma iguaria feita de rapadura e amendoim. Quando elas se distraem, moleques danados passam correndo e surrupiam um quitute. Para dizer que não é preciso roubar, as mulheres gritam: “Pede, moleque, pede!”. Assim foi batizado o nosso pé de moleque, um clássico que surgiu no Brasil em meados do século 16, com a chegada da cana-de-açúcar à Capitania de São Vicente.
O doce não era assim uma baba de moça, ou seja, o favorito da elite. Era pop entre os pobres e inicialmente conhecido por quebra-dentes ou quebra-queixo. Para explicar a mudança de nome, além da versão acima, há outras duas hipóteses, ambas relacionadas aos intrépidos moleques de outrora. Uma delas vem da semelhança entre a aparência do doce e os pés dos meninos que viviam descalços na rua. A outra explicação relaciona o visual da guloseima ao calçamento colonial de pedras irregulares, que levava e ainda leva o nome de pé de moleque – que, por sua vez, faz referência aos pezinhos pouco delicados da molecada.
Onde encontrar o melhor pé de moleque do Brasil? Anote: Piranguinho, pequena cidade no sul de Minas Gerais, que leva o título de Capital Nacional do Pé de Moleque.
Essa história começou em 1936, graças à mulher do chefe da estação de trem local. Para ajudar no orçamento familiar, Matilde Cunha Torino passou a vender doces na janela de casa. Por sugestão da filha, Alcéa, ela resolveu também fazer um docinho de amendoim com rapadura para oferecer no trem. Colocaram então – olha ele de novo – um moleque com uma bandeja vendendo nos vagões. “Às vezes, não dava tempo para sair do trem, e ele ia parar em Itajubá”, conta rindo a neta de Matilde, Sônia Regina Guedes Torino, que hoje comanda o negócio.
Acontece que a estação acabou. Alcéa, então, montou barraca na estrada e pintou de sua cor preferida, vermelha. Assim nasceu a Barraca Vermelha, que fez a fama do pé de moleque de Piranguinho. Entre os ilustres fãs, Sônia cita o poeta Carlos Drummond de Andrade, que definiu o pé de moleque como “a pura joia mineira”, em carta a Alcéa.
E os moleques que vendiam nos vagões de trem? Pois cresceram e acabaram virando funcionários na fábrica da família.
Se quiser sentir um gostinho dessa história e se deliciar com um delicioso pé de moleque, veja a seguir 4 variações do doce. Para acessar o preparo completo, basta clicar no título ou na foto de cada receita.
Com tempo de preparo de apenas 20 minutos, a receita de pé de moleque da famosa Barraca Vermelha é muito simples de fazer e rende, em média, de 27 a 30 doces. O doce é uma ótima pedida para o chá da tarde e até para um lanchinho da noite.
Quer se desafiar na cozinha para preparar uma sobremesa deliciosa? Então a receita de trança pé de moleque, da chef Juliana Pascal, da La Gioia, pode ser uma boa opção para você. O doce mistura o sabor do pé de moleque com a textura de um pão fofinho, servindo perfeitamente para o lanche da tarde. Rende quatro unidades e tem um tempo de preparo de quatro horas.
3. Pé de moleque e cocada branca
Um bom acompanhamento para o pé de moleque é a cocada branca. A receita do restaurante Dalva e Dito é combinação perfeita de brasilidades e sabores deliciosos. Rende 350 g de pé de moleque, demorando uma hora para ficar pronto, e 500 g de cocada, que leva 30 minutos de preparo.
Se você ama esse doce e quer levar seu sabor para o próximo nível, então experimente o bolo de pé de moleque, sugerido pela boleira Stella Pellegrini, do Bolo sem Vergonha. A sobremesa é uma explosão de sabores, com cobertura de chocolate e amendoim. A receita rende 14 fatias e demora 40 minutos para ser preparada.
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