Investigado por causar um acidente de trânsito com morte em Bragança Paulista em 2022, o jogador de futebol Renan fez um acordo com o Ministério Público de São Paulo e vai pagar R$ 1,7 milhão para doar leitos de hemodiálise à Santa Casa da cidade.
Com o acordo entre zagueiro e MP, a ação pelo atropelamento vai ser encerrada. No judiciário, essa medida é conhecida como ‘acordo de não persecução penal’, que acontece quando um investigado cumpre condições ajustadas para não ser denunciado e punido.
Na época com 20 anos, Renan foi solto pela Justiça após pagamento de fiança de R$ 242 mil, valor que foi revertido à família da vítima. Ele também fez um outro acordo para indenizar a família - relembre o caso abaixo.
Eliezer Pena morreu atropelado por carro dirigido por jogador Renan, do Bragantino — Foto: Reprodução
O acordo entre o jogador de futebol Renan Victor da Silva e Ministério Público foi oficializado pela promotoria na última terça-feira (21). A medida prevê que o investigado terá que doar R$ 1.757.144, que serão usados para a compra de 20 leitos de hemodiálise para atendimento do SUS na Santa Casa de Misericórdia de Bragança Paulista.
No documento ao qual o g1 teve acesso, o promotor responsável pelo caso, Rogério José Filócomo Júnior, ressalta que a cidade vem enfrentando problemas para atender a demanda de pacientes que precisam de hemodiálise.
De acordo com ele, a compra de 20 leitos vai melhorar o serviço, que conseguirá atender de 120 a 200 pacientes a mais por mês.
Santa Casa de Bragança Paulista — Foto: Reprodução
O acordo prevê que o valor deve ser pago pelo zagueiro direto à Santa Casa, em um prazo de 10 dias. O g1 apurou que o pagamento ainda não aconteceu, mas o prazo se encerra apenas no fim dessa semana.
Na celebração do acordo, o Ministério Público destaca ainda que Renan é réu primário e cita que ele confessou formalmente o crime, além de ter destinado o valor da fiança à família do homem que foi morto e feito acordo para pagar indenização às filhas dele.
Além disso, os advogados da família de Eliezer Pena concordaram com o acordo de não persecução penal, de acordo com o MP.
Renan, ex-jogador do Red Bull Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino
O g1 acionou o advogado de defesa do zagueiro Renan, mas não teve retorno até a última atualização da reportagem.
Carro de jogador teve a frente destruída em acidente — Foto: Lucas Rangel/TV Vanguarda
Renan se envolveu em um acidente de trânsito que terminou com vítima fatal em Bragança Paulista e foi preso pela polícia no dia 22 de agosto de 2022. Ele foi indiciado por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar, com qualificadoras por não estar habilitado e dirigir sob a influência de álcool.
O jogador seguia pela rodovia Alkindar Monteiro Junqueira no início da manhã, quando se envolveu em um acidente com uma moto. O motociclista teve ferimentos graves, não resistiu e morreu no local. A vítima foi Eliezer Pena, que tinha 38 anos e deixou a esposa e duas filhas.
Após o acidente, a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) esteve no local e constatou no atendimento que o jogador tinha odor de álcool. Além disso, uma garrafa de bebida foi encontrada no carro.
Os agentes pediram que ele fizesse o teste do bafômetro, mas Renan se recusou e foi levado à polícia. Mais tarde, a delegada Aline Alessandra Marques Faria Ferreira informou que ele confessou que havia bebido gin.
"Verificamos que ele afirmou que estava em uma festa e tinha ingerido bebida alcoólica. Ele disse que ingeriu gin e que acabou cochilando, e por isso perdeu a direção do veículo", revelou Aline na época.
Vítima estava em uma motocicleta — Foto: Lucas Rangel/TV Vanguarda
Além disso, Renan não tinha habilitação. Segundo a PRE, ele tinha uma permissão para dirigir, que não é o documento oficial. No período em que se está apenas com a permissão, não é permitido cometer infrações, o que aconteceu com o jogador.
Portanto, o jovem (na época com 20 anos) foi preso em flagrante, encaminhado à cadeia de Piracaia e passou audiência de custódia no dia seguinte, 23 de agosto.
Jogador Renan, do Bragantino, foi preso e vai responder por homicídio culposo — Foto: Lucas Rangel/ TV Vanguarda
Na ocasião, a Justiça concedeu liberdade provisória e ele foi solto. Responsável pela audiência, o juiz Fábio Camargo determinou que o atleta teria que pagar uma fiança no valor de 200 salários mínimos, equivalente a R$ 242 mil na época, além da obrigação de comparecer em todos os atos do processo. Ele também foi proibido de frequentar bares e casas de shows.
Em agosto, Renan firmou um acordo para indenizar a família da vítima e foi autorizado pela Justiça a deixar o Brasil para retomar sua carreira como jogador. Uma semana depois, ele foi anunciado pelo Shabab Al-Ahli Dubai, do Emirados Árabes.
A decisão da juíza Nicole de Almeida Campos Leite Colombini atendeu a um pedido da defesa dele, para relaxamento das medidas restritivas impostas ao zagueiro. O Ministério Público e a defesa da família da vítima foram favoráveis ao pedido.
Renan zagueiro — Foto: Divulgação
Na decisão, a juíza levou em consideração que o jovem colaborou com as investigações, pagou fiança e fez acordo para indenizar a família de Eliezer Pena. Os valores não foram revelados.
Além disso, Nicole Colombini também citou a dificuldade do jogador se inserir novamente no mercado de trabalho novamente. A defesa de Renan alegou que ele teve contratos com Bragantino e Palmeiras rescindidos diante das circunstâncias.
Carreira nos Emirados Árabes
Depois do acidente, o zagueiro Renan, que pertenciam ao Palmeiras e estava emprestado ao Red Bull Bragantino, teve o contrato rescindido com os dois clubes.
Praticamente um mês depois do caso, o zagueiro foi autorizado pela Justiça a deixar o país para atuar no exterior. O Ministério Público e a defesa da família da vítima concordaram com a decisão.
Liberado, Renan acertou com Shabab Al-Ahli Dubai, dos Emirados Árabes, onde atua até hoje. O jogador foi campeão da liga nacional da temporada passada e segue sendo um dos atletas mais escalados.
Renan Victor, zagueiro do Shabab Al-Ahli Dubai, comemora título nos Emirados Árabes — Foto: Divulgação/Shabab Al-Ahli Dubai
FONTE/CRÉDITOS: Léo Nicolini, Carlos Santos, g1 Vale do Paraíba e Região
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