A costureira Alessandra Barbosa está procurando por notícias dos tios que desapareceram após o desabamento de pedras nos cânions, em Capitólio. Segundo o Corpo de Bombeiros, seis pessoas morreram e há pelo menos quatro pessoas desaparecidas.
A costureira é sobrinha de um casal que passava o fim de semana em Capitólio. Ela contou que decidiu procurar a Santa Casa de Passos depois que uma prima entrou em contato e falou sobre o ocorrido. Em entrevista ao repórter da EPTV Gustavo Oliva, Alessandra disse que está sem notícias dos tios desde o momento do acidente.
“Eu liguei nos hospitais da região. Até o momento não tive nenhum tipo de informação sobre eles. Estamos angustiados, muito preocupados. A gente fica nervosa porque estamos sem informações e é família ne? Família é tudo pra nós”.
Segundo a sobrinha, o casal mora em Serrania (MG) e estava a passeio em Capitólio. Alessandra contou que os tios são aposentados e estão sempre fazendo passeios.
Entenda
Um deslizamento de pedras no Lago de Furnas, em Capitólio, no Centro-Oeste de Minas, atingiu três embarcações, com 34 pessoas, neste sábado (8) e causou seis mortes. A estimativa dos bombeiros é que cerca de 20 pessoas estejam desaparecidas.
Um vídeo cuja veracidade foi confirmada pelos bombeiros mostra o momento em que um dos cânions atinge as lanchas (veja abaixo).
Veja o que se sabe até agora:
- O deslizamento ocorreu por volta de 12h30. Ainda não se sabe o que causou o acidente
- Seis pessoas morreram, todas encontradas no local do acidente. Ninguém foi identificado até agora
- Bombeiros estimam que 20 pessoas estejam desaparecidas
- 23 pessoas foram atendidas e liberadas; 9 ainda estão internadas
- Bombeiros e Polícia Civil estão no local; a Marinha foi acionada e vai investigar a causa
Mortes
O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais confirmou seis mortes pelo deslizamento. Todas as vítimas fatais foram encontradas no local do acidente. Ninguém foi identificado até agora.
Desaparecidos
O coronel dos bombeiros Edgard Estevo, disse primeiramente que a estimativa é que 20 pessoas estivessem desaparecidas. Entretanto, em entrevista para a EPTV, afiliada Globo, o tenente Pedro Aihara afirmou que atualmente são quatro pessoas desaparecidas e que eles conseguiram contato com as outras vítimas.
Ele reforçou que as buscas continuam e as informações são preliminares. De acordo com o coronel, 40 bombeiros e mergulhadores estão no local do acidente.
Feridos
Segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, 32 pessoas foram atendidas por causa do acidente, a maioria com ferimentos leves. Dessas, 23 foram atendidas e liberadas da Santa Casa de Capitólio. Algumas vítimas foram encaminhadas para São José da Barra e Passos.
Outras 8 seguem internadas:
- 2 pessoas com fraturas expostas foram para a Santa Casa de Piumhi, a cerca de 23 km de Capitólio;
- 2 pessoas ainda não têm estado de saúde confirmado e estão sendo atendidas na Santa Casa de Passos, a 74 km de Capitólio;
- mais 4 pessoas com ferimentos leves estão na Santa Casa de São José da Barra, a 46 km de Capitólio, com ferimentos leves.
Ninguém foi identificado até agora.
Devido ao mau tempo, o helicóptero Arcanjo do Corpo de Bombeiros de Varginha foi acionado para auxiliar no socorro às vítimas do deslizamento de pedras em Capitólio, mas não conseguiu chegar até o local do acidente. Segundo o capitão do Batalhão de Operações Aéreas, João Bosco, o helicóptero decolou de Varginha e precisou pousar em Carmo do Rio Claro.
Marinha vai apurar causas
Por meio de nota, a Marinha do Brasil informou que um inquérito será instaurado para apurar causas, circunstâncias do acidente (Veja nota completa mais abaixo). A Polícia Civil de Minas informou que está no local para identificar os danos e as causas do acidente.
Segundo o Corpo de Bombeiros informou ao g1, a princípio, uma "tromba d'água” junto a pedras fez com que elas deslizassem e caíssem de uma altura de mais de 5 metros, atingindo as lanchas. O acidente ocorreu no condomínio Escarpas do Lago.
Guarnições de Passos e Piumhi foram deslocadas para a região para prestar atendimento às vítimas.
Confira a íntegra da nota da Marinha
A Marinha do Brasil informa que tomou conhecimento de um acidente, no fim da manhã de hoje, após deslizamento de rochedo atingir embarcações que navegavam a região dos cânions, em Capitólio-MG.
A DelFurnas deslocou, imediatamente, equipes de Busca e Salvamento (SAR) para o local, integrantes da Operação Verão ora em andamento, a fim de prestar o apoio necessário às tripulações envolvidas no acidente, no transporte de feridos para a Santa Casa de Capitólio, e no auxílio aos outros órgãos atuando no local.
Um inquérito será instaurado para apurar causas, circunstâncias do acidente/fato ocorrido.
Lugar turístico
A região de Capitólio e outras cidades banhadas pelo Lago de Furnas, no Centro-Oeste de Minas, é bastante procurada por turistas por sua beleza natural.
Assim como outras partes do estado, a região tem sido atingida pelas chuvas recentes: na sexta-feira (7), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) havia emitido um alerta de chuvas intensas, que durariam até a manhã deste sábado.
O porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas, Pedro Aihara, explicou que a formação rochosa do local e as chuvas na região facilitaram para que o deslizamento ocorresse – e que a forma como a rocha caiu agravou a situação (veja o vídeo abaixo e continue lendo para os principais trechos):
"A gente tem uma formação rochosa que é basicamente composta por rochas sedimentares, então são rochas que naturalmente têm uma resistência muito menor à atuação dos ventos, da água, dos elementos naturais que atuam sobre a região", explicou Aihara.
"Uma outra situação que acabou infelizmente agravando foi porque a rocha cai numa trajetória perpendicular. Geralmente, quando a gente tem ruptura por tombamento, a rocha sai de uma forma mais fatiada, ela escorre por aquela estrutura e cai de uma forma ou diagonal ou então mesmo em pé. Nesse caso, como a gente teve esse tombamento perpendicular, e pelo tamanho da rocha, a gente acabou tendo essas pessoas diretamente afetadas", explicou o bombeiro.
Para o especialista em gerenciamento de risco, Gustavo Cunha Melo, uma tromba d'água – inicialmente citada pelos bombeiros como motivo do deslizamento – pode ter agido como um gatilho para o deslizamento, mas não foi necessariamente a causa do problema.
Para Melo, a rocha se desprenderia de qualquer jeito, por causa da erosão:
"Essa rocha já estava com muita erosão, totalmente fragmentada, ela iria desabar em algum momento. A tromba d’água pode explicar o desabamento neste momento? Pode, assim como também não precisava nada – ela ia desabar em algum momento por erosão, por um processo natural", afirmou.
Nesses casos, segundo o especialista, o gerenciamento de risco consiste em isolar o local.
"Não tem muito o que fazer nessas situações. O gerenciamento de risco é: manter distância.Você tem que isolar a área. A única gestão de risco que é feita é isolar a área. Infelizmente ali as embarcações estavam muito próximas e o desabamento aconteceu nesse mesm
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