Audiência pública na Assembleia Legislativa discutiu, na tarde desta terça-feira (18), o tema “coronavírus e RN: estamos preparados?”. Participaram da audiência, profissionais representantes da saúde e órgãos públicos. O objetivo do debate proposto pelo deputado Ubaldo Fernandes (PL) foi esclarecer sobre o plano estadual de prevenção e combate à doença.
A Subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde Pública do RN (Sesap), Alessandra de Menezes, relatou que a formatação do Plano de Contingência do Estado foi fruto de um esforço conjunto da Sesap e da Secretaria Municipal de Saúde, além da Coordenação da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em Natal. “Primeiro fizemos uma discussão técnica com diretores médicos de hospitais públicos e privados do RN sobre a introdução e a detecção do vírus no Estado; depois iniciamos as articulações com os diversos órgãos envolvidos, para discutir o fluxo que seria estabelecido e os níveis diferentes de atuação: fora do Brasil, em outro estado, aqui no RN e em caso de aumento de casos locais”, explicou. O plano foi apresentado no dia 10 de fevereiro.
O Capitão de Fragata e Capitão dos Portos no RN, Oswaldo Silva Neto, esclareceu as duas tarefas essenciais da Marinha do Brasil nesta questão: monitoramento e acompanhamento do tráfego marítimo e salvaguarda das vidas humanas no mar. “A Marinha provê informações antecipadas aos órgãos competentes sobre a possibilidade de interesse no acompanhamento de algum navio, por exemplo, um que tenha passado na China nos últimos trinta dias”. Segundo o Capitão, a partir disso as instituições tomam as providências cabíveis. “Se um navio desse já está com uma pessoa infectada, a Marinha vai fazer o socorro à pessoa no mar”, explicou.
O Coordenador de Vigilância Sanitária de Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos Alfandegados do RN (CVPAF-RN), Francisco Canindé de Souza garantiu que, após a publicação, no dia 22 de janeiro, da nota técnica da ANVISA para portos, aeroportos e fronteiras, a instituição já começou a agir. “A resposta foi imediata e o plano logo surtiu efeito. Além disso, estamos sempre nos atualizando e nos mantendo preparados para qualquer mudança de cenário”, frisou.
O Dr. André de Araújo Prudente, Diretor Geral do Hospital Giselda Trigueiro, enfatizou o risco de dizer que o RN está preparado para o aparecimento de um caso de coronavírus. “Dizer que a gente tá preparado para um caso de coronavírus é arriscado, e eu não farei isso. Mas eu posso dizer que nunca vi uma mobilização tão grande como esta. O RN foi um dos primeiros estados a ter um fluxograma bem defendido e foi o primeiro a publicar um protocolo de manejo clínico da doença. Inclusive, o Ministério da Saúde fez o seu, 15 dias depois, baseado no nosso”, detalhou. Ele lembrou ainda o fato de que o Brasil tem vantagens em relação aos outros países, já que a exposição aos raios ultravioleta e a altas temperaturas destrói o vírus.
Magali Câmara, Diretora do Laboratório Central (Lacen), afirmou que “o laboratório tem uma equipe bem preparada e boas condições estruturais para lidar com a enfermidade”. “Nós temos o meio de transporte viral preparado e já pedimos mais materiais, para que não haja falta, se viermos a precisar. Então, se acontecerem casos aqui, teremos condições de dar uma resposta razoável para a população norte-rio-grandense”, completou.
A Coordenadora Geral do SAMU – RN, Wilma Dantas, disse que o órgão está sempre sendo provocado pela Sesap e já fez as divisões. “O SAMU Natal vai fazer o porto e transportar para o hospital de referência. Já o SAMU RN vai fazer aeroporto e porto de Areia Branca”, explicou a coordenadora.
Maria da Conceição Medeiros, Coordenadora do Meio Ambiente da Companhia Docas do RN (CODERN), explicou o que está sendo feito hoje nos portos de Natal e Areia Branca. “Temos máscaras, luvas e batas para casos suspeitos. Todo o protocolo já foi desenhado e nós estamos preparados para segui-lo. Mas eu quero chamar a atenção para o fato de que todo esse cuidado é para existir não só com o coronavírus, mas como todos os outros”, alertou.
Já a representante dos secretários municipais de saúde do RN, Maria Elisa Soares, demonstrou preocupação não apenas com o coronavírus, mas também com outras doenças que acometem os potiguares há mais tempo. “É nos municípios que as pessoas adoecem e precisam de apoio. Por isso é importante discutir esse vírus e as medidas a serem tomadas, sim; mas nós precisamos debater os problemas e as dificuldades da Saúde Pública do RN como um todo. Os municípios estão pedindo socorro há muito tempo por causa de enfermidades como dengue, H1N1, sarampo”, disse.
Ao final da audiência, Ubaldo Fernandes elogiou o empenho dos órgãos envolvidos no Plano de Contingência do RN, reforçando a importância da integração para o sucesso do trabalho. Como resultado da audiência, será enviado ao Governo do Estado um documento em que se solicita um maior apoio e integração da Secretaria Estadual de Saúde com o Porto de Areia Branca.
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