Para começar, o turismo é uma atividade econômica, mas não basta ter locais bonitos para se visitar. É preciso ter capacidade para receber.
Se isso fosse o bastante, o Brasil inteiro seria o país mais visitado do mundo.
Quero destacar que para ser um destino turístico, é preciso de mais do que atrações.
É preciso de infraestrutura básica que garanta a preservação local e a acolhida segura e garantida do turista.
Em 8 de abril, na live da Pós TV RN, conversamos com a nova secretária de Turismo e Desenvolvimento Econômico da cidade de Senador Georgino Avelino, Hemilly Karoline Paiva de Oliveira, no cargo a pouco mais de 15 dias.
Na conversa, vimos que há mais uma tentativa incipiente de tratar o turismo como atividade econômica para desenvolver o município.
Isso por si só deveria ser uma notícia alentadora, já que é comprovado que o turismo é um setor que movimenta um número incrível de atividades econômicas.
Mas, mais uma vez, há um temor em se começar a casa pelo telhado.
Não há um estudo de impacto ambiental ou qualquer pensamento sobre capacitação das populações locais no desenvolvimento da atividade turística.
Ou seja: a cidade tem grande potencial, mas ainda não se sabe o que fazer com isso.
Há muitas perguntas sem resposta. A primeira delas é: como chegar?
A pergunta seguinte é onde hospedar?
Sim, porque na grande esfera do turismo, o chamado bate-volta já quase nem é computado.
É preciso fazer um estudo mais aprofundado, do tipo: a cidade tem capacidade hoteleira para turismo?
Pois, não adianta querer receber sem ter onde hospedar.
Muitas variáveis e muitos setores a movimentar
A secretária Hemilly parece saber o que faz, e está levantando o potencial instalado, como restaurantes e atrações.
Ótimo começo, mas já estaria pensando em capacitar a população local para um trabalho que envolve “receber turistas de todas as partes”?
Sim, já se pensou em um Conselho Municipal de Turismo, mas não vou me estender aqui explicando. A secretária explicou muito bem na live, que pode ser acessada aqui.
Já se pensou em aumentar algumas atividades de turismo, como eventos gastronômicos, ou o melhor aproveitamento das dunas existentes, mas ainda não há um estudo completo dos pontos a serem explorados ou da qualidade dos serviços oferecidos.
É onde entra a capacitação. Se a cidade puder contar com SEBRAE, SESC ou SENAC, pode ser a saída para treinamento e capacitação dos empreendedores e futuros trabalhadores de turismo.
Ou, talvez, a prefeitura possa dispor de profissionais especializados na área e realizem treinamentos com a população já engajada e futuros profissionais.
Garanto que o resultado de médio e longo prazo serão satisfatórios e trarão divisas ao município.
Aspectos Positivos:
A cidade é forte e tem grande variedade de recursos naturais e culturais; belas paisagens e alguns empreendimentos em ótima localização.
O município de Senador Georgino Avelino foi inventariado em 2015 por possuir grande potencial turístico (praias, dunas, a lagoa Guaraíras e o Ecoparque Guaraíras); e também potencial econômico, como um dos destinos destaque no estado na produção de camarão.
A cidade é relativamente próxima da capital, Natal (cerca de 50 km) e vizinha de um dos destinos mais famosos do estado – Tibau do Sul.
Há grandes oportunidades para a cidade ser grande no turismo, por já fazer parte de um dos polos que mais se desenvolvem do estado – Polo Costa das Dunas.
Além de sua proximidade com destinos já consolidados, como Tibau do Sul, há uma demanda emergente no turismo gastronômico e religioso, bem como do ecoturismo.
A gastronomia por conta do cultivo local de ostras e camarões, que poderiam facilmente trazer a oportunidade de festivais culinários.
O turismo religioso por conta, especialmente, do Olheiro de Santo Antônio do Achado.
Já o ecoturismo, ou turismo sustentável, que pode ser explorado como o turismo de praias, se dá por conta de atrativos como o manguezal da Lagoa Guaraíras e do próprio Ecoparque, uma área de conservação particular, boa para passeios de estudos, com foco em educação ambiental.
Começar pelo alicerce
Conhecer os atrativos e estudar como utilizá-los preservando e trazendo desenvolvimento ao mesmo tempo é um trabalho difícil.
Mas, é preciso começar o trabalho de algum lugar.
Depois dessas preliminares, é preciso engajar, não só os empresários locais, mas a população que esteja interessada em trabalho e renda.
É preciso dar a oportunidade de empreender de verdade, e isso vai muito além de vender sanduíche na praia.
É preciso ver cada aspecto do que se pretende e se fazer um estudo técnico que saia do papel para a realidade.
E a nova secretária de Turismo tem a estudar e corrigir algumas das fraquezas de Senador Georgino Avelino, como a pouca qualidade nos serviços prestados; a falta de infraestrutura de turismo; a desatenção do poder público local para essa atividade econômica, que não faz nem o básico, que é divulgar o destino..
Em um mundo comandado pela informação rápida, a falta de informações nos meios digitais, por si só é problemática.
E nem vamos falar nas vias de acessos em mau estado de conservação e a falta de planejamento da atividade, que deixa a cidade de lado quando em concorrência com destinos consolidados.
Boa sorte secretária. Espero que seu trabalho consiga ao menos iniciar Georgino Avelino no grande mundo do Turismo.
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