O problema que a Pandemia trouxe para a educação é extremamente preocupante. Há necessidade dos governantes se debruçarem no assunto e encontrar soluções adequadas para não comprometer a formação acadêmica de toda uma geração é urgente.
Segundo o levantamento da UNICEF o número de crianças em situação de trabalho infantil aumentou para 160 milhões em todo o mundo. O número de crianças e adolescentes com desnutrição aguda pode aumentar em 9 milhões até o final de 2022 – 50 milhões delas já sofrem com essa condição.
A UNICEF classificou a pandemia como “a pior crise para as crianças e adolescentes nos 75 anos de história” da entidade. O avanço da extrema pobreza é cruel e avassalador no mundo dos pequenos. E se não houver intervenções dos governos neste momento o processo será irreversível para essa geração.
Outro problema identificado pela UNICEF é o comprometimento da saúde mental destas crianças e adolescentes. O nível de estresse vivido nos dois últimos anos, tem refletido em crises de ansiedade, depressão, fobias que com certeza afetarão o processo de aprendizagem em todos os níveis, novamente sendo mais profunda nas camadas sociais com menor renda.
A realidade do Brasil acompanha a tendência mundial e as crianças e adolescente de famílias com rendas inferiores sofrerão mais nos próximos anos para tentar de alguma forma recuperar o tempo e aprendizado perdido.
A meta brasileira era erradicar o analfabetismo no Brasil até 2024, esse cálculo é realizado a partir de brasileiros com mais de 15 anos que não são alfabetizados, essa meta será difícil de ser atingida, por causa da realidade que vivemos nos últimos dois anos, a Pandemia e a falta de políticas públicas eficientes para sanar a questão.
A realidade das salas de aula hoje, principalmente no processo de alfabetização está insana.
Os professores estão recebendo no início do ano de 2022 crianças com níveis de aprendizagem completamente diferentes devido a realidade que cada uma viveu nos últimos dois anos.
Temos as crianças que conseguiram acompanhar o mínimo e tiveram um pequeno desenvolvimento; as que não tiveram acesso à internet e estão muito aquém do ponto desejado e aquelas crianças que tiveram acesso à internet e o acompanhamento de alguém em casa e conseguiram um bom avanço nos estudos. Além de todos os problemas de Luto que foi vivido por todos de forma direta ou indireta, traz para a sala de aula conflitos até então desconhecido para o professor trabalhar.
Todas juntas hoje na mesma sala de aula em um momento de retomada da vida escolar, porém as crianças que estão no 1º, 2º e 3º ano não tiveram essa experiência de vida escolar dentro da escola, assim o nível de estresse, angustia e ansiedade destas crianças pode estar muito maior do o aceitável na construção do seu desenvolvimento.
Fica aqui o meu apelo aos poderes públicos. Olharem a Educação com respeito e a responsabilidade que a situação exige, e não deixar na mão dos professores essa tarefa tão árdua, e ainda por cima cobrá-los além do que é a sua responsabilidade.
Os professores têm condições e capacidade de ensinar essas crianças, porém eles precisam de condições adequadas de trabalho. Dentre elas podemos citar algumas:
Classes menos numerosas, formação continuada, apoio psicológico para os alunos e professores que estiverem necessitando, políticas de alimentação adequada para os alunos dentro e fora da escola, aulas de recuperação para os alunos com maior dificuldade, apoio familiar junto a Assistência Social e valorização profissional.
Essa são algumas tarefas fundamentais que a sociedade necessita cobrar para apoiar a escola nos dias de hoje, ou estaremos fadados ao fracasso escolar de toda essa geração.https://youtu.be/yvu2YXSf_nw
Silvana Barboza
Mestre em Políticas Públicas; Especialista em Gestão; Pedagoga; Professora de História e estudante de Neuropsicopedagogia e Criadora de Conteúdo no You Tube do Canal: ALOCSE
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