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Terça-feira, 12 de Novembro de 2024
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Estudo da USP: alimentos ultraprocessados aceleram declínio cerebral

A função executiva dos voluntários que consumiam mais ultraprocessados caiu 25% mais rápido em uma média de oito anos

Viver Bem, Saúde Natural
Por Viver Bem, Saúde Natural
Estudo da USP: alimentos ultraprocessados aceleram declínio cerebral
Getty Images
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A maioria das pessoas evita comer alimentos ultraprocessados como biscoitos recheados, batata frita, sorvetes e guloseimas por medo de engordar, mas esse não deveria ser o único motivo para fugir dessas refeições.

Segundo uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), publicada na revista científica Jama Neurology, envolvendo mais de 10 mil pessoas, comer muitos lanches industrializados pode ​​afetar as funções cerebrais. O estudo mostrou que adultos de 50 anos que ingeriram muitos alimentos ultraprocessados (até três quartos da dieta), tiveram um declínio neurológico 28% mais rápido do que aqueles que comiam menos.

A equipe responsável pela pesquisa acredita que as citocinas, proteínas inflamatórias produzidas pelo corpo que podem ser estimuladas por alimentos açucarados, sejam responsáveis por acelerar a queda cognitiva. Comidas ultraprocessadas têm quantidades exageradas de açúcar, sal e gordura saturada.

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A pesquisa

Foram recrutados 10.775 voluntários entre 2008 e 2019, e os candidatos tinham entre 35 e 74 anos. Durante o período do estudo, os participantes foram testados inúmeras vezes para avaliar a mudança de suas faculdades mentais.

Eles deveriam informar o que comeram e beberam no dia anterior aos testes. As avaliações consistiam em recordação simples para examinar a memória, e teste de funções executivas para medir o vocabulário de cada um.

Os alimentos foram divididos em três grupos: o primeiro era de comidas não processadas ​​ou minimamente processadas. O segundo era de alimentos processados, que usavam compostos para conservar os ingredientes naturais. E no terceiro grupo estavam os ultraprocessados, que utilizavam aditivos não encontrados nas refeições caseiras.

Os voluntários foram separados em quatro grupos com base na quantidade de alimentos ultraprocessados que comeram. Um deles era constituído pelas pessoas que menos ingeriram ultraprocessados (a quantidade não chegava a um quinto de sua dieta).

No segundo grupo, o consumo dos industrializados representava de 20 a 27% da dieta dos voluntários. No terceiro grupo, de 27 a 34%, e no quarto, a ingestão chegava a 73%.

Os resultados revelaram que os integrantes do quarto grupo tiveram uma taxa de declínio cognitivo 28% mais rápida do que os integrantes do primeiro.

A função executiva dessas pessoas caiu 25% mais rápido em uma média de oito anos, e as pontuações de memória caíram 6%. Apesar de os resultados não mostrarem uma diferença muito significativa, a médica autora do estudo, Natalia Gomes Gonçalves, recomenda que a quantidade de alimentos ultraprocessados ​​seja reduzida.

Segundo ela, estudos de neuroimagem mostraram que o consumo excessivo de alimentos industrializados, refinados e açucarados estava relacionado a uma redução no hipocampo esquerdo, e diminuição no volume de massa cinzenta em indivíduos cognitivamente saudáveis.

 

Contraponto

Contudo, especialistas independentes alertam que a pesquisa não determina se o declínio cerebral foi causado exatamente pela ingestão de mais alimentos ultraprocessados. O nutricionista Duane Mellor, da Aston University, no Reino Unido, afirma que embora o estudo seja importante, não incluiu informações no artigo sobre a ingestão de açúcar, sal e gordura adicionados.

Os testes também não mostram uma relação direta entre os alimentos ultraprocessados ​​e a redução da cognição. De acordo com o nutricionista, o efeito observado foi pequeno. Para ele, talvez os resultados não foram causados pelo consumo excessivo de industrializados, mas pela pouca ingestão de comidas saudáveis desses participantes.

 
FONTE/CRÉDITOS: Metrópoles
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