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Quarta-feira, 17 de Abril de 2024
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Saúde

Vacinação da covid em duas doses cria desafio inédito para o SUS

Governo precisa garantir retorno para a segunda aplicação e também se certificar de que primeira e segunda doses sejam do mesmo fabricante

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Por Portal Correio do Agreste
Vacinação da covid em duas doses cria desafio inédito para o SUS
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As vacinas contra covid-19 em duas doses vão impor ao SUS (Sistema Único de Saúde) um trabalho ainda mais árduo quando tiver início o programa de imunização.

Não bastasse ter que orientar a população a retornar aos postos de saúde para a segunda aplicação em um prazo de algumas semanas, também será preciso garantir que cada pessoa tome a mesma vacina na primeira e na segunda vez, já que devem ser usados imunizantes de mais de um fabricante.

A epidemiologista e ex-coordenadora do PNI (Programa Nacional de Imunizações) Carla Domingues observa que nenhum país do mundo teve até hoje de fazer grandes campanhas de vacinação com duas doses.

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Segundo ela, a comunicação vai ser fundamental para garantir o sucesso da imunização contra a covid-19 no Brasil.

"[O governo] tem que convencer e mostrar que com uma única dose você não está protegido. A população está acostumada a tomar vacina de influenza e depois não voltar mais [ao posto de saúde]. Então, precisa explicar por que essa vacina tem que voltar 15 dias depois, 21 dias depois. A comunicação é o alicerce dessa campanha", diz.

Mais de um tipo de vacina

 
Vacinação do H1N1 usou imunizantes de três fabricantes

Carla destaca o anúncio do Ministério da Saúde de utilizar o aplicativo Conecta SUS como principal ferramenta para garantir que não haja problemas relacionados às doses.

"É uma preocupação muito grande que quem começar a tomar uma vacina termine com a aquela vacina. As vacinas não são intercambiáveis. E a gente sabe que no afã muitas pessoas querem tomar vacinas diferentes achando que vão ficar mais protegidas. Isso também vai ter que segurar as pessoas", explica.

No plano apresentado pelo governo nesta semana há a possibilidade de que mais de um tipo de vacina seja utilizado simultaneamente.

Devem ser incluídos imunizantes da AstraZeneca, também produzidos pela Fiocruz a partir de julho, além de um dos que fazem parte do Covax Facility, consórcio internacional para aquisição de vacinas.

Estes dois contratos já garantem cerca de 253 milhões de doses. O Ministério da Saúde também negocia a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan.

Há ainda memorandos de entendimento com a Pfizer/BioNTech para aquisição de 70 milhões de doses, mas apenas 8,5 milhões no primeiro semestre de 2021, e da Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson — 38 milhões de doses, sendo 3 milhões entre abril e junho.

Usar várias vacinas em um programa de imunização nacional vai exigir mecanismos de controle além de evitar que as pessoas tomem a segunda dose diferente da primeira é fundamental para o rastreamento das vacinas na hora de reportar eventuais efeitos colaterais — é a chamada farmacovigilância.

A ex-coordenadora do PNI lembra que, em 2010, também havia mais de uma vacina para a campanha do H1N1, mas o cenário era outro.

"Na vacinação do H1N1, nós tivemos três imunobiológicos diferentes para fazer a vacinação. Foram vacinados 100 milhões de brasileiros em três meses. A gente organizou que cada região recebeu um tipo de vacina diferente. Mas tínhamos todas as vacinas na mão. Agora, essas vacinas vão chegar por etapas e possivelmente cada município vai receber vacina de mais de um fornecedor."

Vacina da Pfizer

 
Vacina da Pfizer requer temperatura ultrabaixa

A vacina que requer mais cuidados na parte logística é a da Pfizer/BioNTech, porque precisa ser armazenada a -70°C.

Carla Domingues pondera que a promessa de 8,5 milhões de doses até o meio do ano que vem restringe muito a possibilidade de uso desse imunizante no país. 

Na avaliação dela, essa quantidade seria suficiente para cerca de três cidades grandes.

"Precisa ter uma elevada densidade populacional, para que essa vacina seja utilizada rápido. Não pode perder esse insumo. Tem que garantir que seja utilizado da melhor forma possível. Para você não ter perda, tem que ter uma estrutura preparada para receber uma grande número de pessoas em um curto espaço de tempo", explica, ao observar que é uma vacina adequada para complexos hospitalares ou grandes unidades de saúde, por exemplo.

O processo de aprovação das vacinas contra covid no mundo:

O Reino Unido se tornou na quarta-feira (2) o primeiro país a aprovar a vacina da Pfizer/BioNTech contra o coronavírus, enquanto a União Europeia (UE) examina vários pedidos de homologação. A seguir, um resumo dos processos por países, ou regiões.

O Reino Unido se tornou na quarta-feira (2) o primeiro país a aprovar a vacina da Pfizer/BioNTech contra o coronavírus, enquanto a União Europeia (UE) examina vários pedidos de homologação.

A seguir, um resumo dos processos por países, ou regiões.

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